sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Comprovado: existe relação entre inclusão digital e felicidade



Feliz usando computador



Internet representa a maior revolução na comunicação humana desde que Johannes Gutenberg construiu a primeira prensa móvel em 1.440 possibilitando a disseminação de informação em massa, graças à impressão de livros em larga escala, o que desencadeou um processo revolucionário que derrubou sistemas políticos, criou novas ideias, economias, religiões, costumes…
Atualmente somos protagonistas de uma revolução maior ainda, desencadeada a partir do surgimento deste novo meio de comunicação, o mais completo já concebido pela tecnologia humana: a Internet, que conjuga a interatividade e a massividade, possibilitando que todos sejam, ao mesmo tempo, emissores e receptores da mensagem. É a aldeia global de McLuhan concretizada muito além do que ele havia previsto.
Nos últimos cinco anos, período em que a Internet evoluiu e se difundiu mais do que nos 15 anteriores, a comunicação em todo o mundo tornou-se mais rápida, inteligente e efetiva, gerando grandes transformações no mercado de comunicação – mídias sociais, novos hábitos de compras, mudanças na relação de poder, na forma de consumir, revoluções políticas. Estes são apenas os primeiros passos de um processo que promete ser duradouro.

Internet já é o “continente” mais populoso do planeta, com 2,3 bilhões de “habitantes”, e sua maior rede social, o Facebook, é o 3º maior “país” do mundo, com mais de 900 milhões de “habitantes” e uma previsão de ultrapassar 1 bilhão ainda neste ano. Neste novo continente, repleto de vias duplas de comunicação, todos podem construir, escrever, falar e serem ouvidos, vistos, lidos. Por todos, entenda-se aqueles que lá se encontram, que dispõem de acessibilidade.
No entanto, uma parcela da população mundial ainda encontra-se excluída deste processo, sem condições de acesso a este novo mundo. No Brasil, isso se traduz em quase metade da população.
Para transformar esta realidade, é necessário um esforço dos administradores públicos em direção à implantação de políticas de inclusão social e de amparo à oitava meta do milênio, que traça objetivos em relação à conectividade.
Em um ranking que avalia a inclusão digital de 150 países, o Brasil está na 72ª colocação, na média da América Latina. A pesquisa foi feita pela Fundação Getúlio Vargas, e mostra que 51,2% da população tem acesso à internet, computador em casa, telefone fixo ou celular – não necessariamente todos juntos. O percentual está pouco acima da média global do grupo de países avaliados, que é de 49,1%.
A pesquisa mostra a existência de uma relação entre inclusão digital e felicidade. A cada 10% de ganho no Índice Integrado de Telefonia, Internet e Celular (ITIC), a felicidade presente sobe para 2,2%. Dos países pesquisados, o Brasil é o que tem menor ligação entre felicidade presente e acesso à telefonia.
A pesquisa ainda indica que o principal objetivo de quem se conecta na internet é a comunicação (37,3%), seguido por lazer (29,6%), leitura de jornais e revistas e busca de informação (28,7%) e educação e aprendizado (28,1%).
O país com maior índice de acesso às tecnologias de informação e comunicação (ITICs) é a Suécia, com 95,7%. O Brasil, com 51,2%, está atrás de países como Kuwait (86,5%), Emirados Árabes (85,75%), Venezuela (63,2%), Chile (56,5%), Argentina (55,2%), Uruguai (55,2%), China (53%) e  Colômbia (52%).
Se excluído o acesso ao celular no ITIC, há alterações nos países em pior colocação. Isso porque o celular tem peso significativo no índice de tecnologias e comunicação de países, sobretudo, da África.
No continente, as taxas de acesso à internet e telefone fixo ficam, na maioria dos países, em até 12%. No comparativo do Brasil, as populações das cidades com melhor e pior índices de acesso à internet, computador em casa, telefone fixo ou celular são: Fernando Falcão, no Maranhão, com 3,7%, e, no outro extremo, São Caetano, em São Paulo, com 82,6%.
Santa Catarina apresenta o melhor desempenho nacional e destaca-se pela qualidade, já que 58,65% de seus computadores ligados à rede usam banda larga. Este resultado pode ser atribuído ao polo de tecnologia da informação e ao desempenho de suas universidades, fatores aliados à condição econômica da população, já que o estudo da FGV classifica a internet como uma marca das classes A e B, predominantes em Florianópolis que é a capital com maior inclusão (77,1%). Florianópolis é também o segundo município do país em casas com computadores e o quarto em residências com internet. Esses resultados também significam melhor mão de obra, população informada e com maior capacidade de aprendizado.
Sabemos que a inclusão digital faz uma diferença enorme na vida das pessoas, que se tornam muito mais preparadas intelectualmente, mais capacitadas e com melhor condições de conseguir um bom emprego.
Por outro lado, a exclusão digital se apresenta como um dos maiores desafios deste século. É urgente que haja uma democratização das novas tecnologias.
*Luiz Alberto Ferla é CEO da Knowtec, Talk, KeepingUp e DDBR – grupo de empresas de soluções digitais.

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